Não é de hoje que enfrentamos uma crise do café significativa que coloca em risco tanto os pequenos agricultores quanto os amantes dessa bebida ao redor do mundo. Questões climáticas afetam os cafezais e fazem o preço do produto final aumentar, resultando nessa crise.
Vamos discutir neste blog a crise enfrentada pelos produtores de café no Brasil e no mundo e os desafios inéditos que ela traz para o setor, implicando no aumento dos preços.
Continue a leitura e fique por dentro do assunto!
Vietnã e a crise internacional do café
O Vietnã, segundo maior produtor de café do mundo e o maior produtor de robusta, está sofrendo com os efeitos das mudanças climáticas.
O país enfrenta um período de clima seco que está afetando negativamente as plantações, o que implica em consequências na colheita.
Tais acontecimentos indicam que até o fim da safra de 2024/25 não haja a disponibilidade total do café necessário para demanda, o que, por sua vez, pode elevar os preços do café no Brasil e no mundo.
O (CEO) do Grupo Nabeiro – Delta cafés, uma das maiores empresas europeias do ramo, afirmou ter certeza desse aumento. Pela primeira vez na história, o café arábica custa menos que o robusta. Ele ainda comentou:
“Não temos forma de sustentar sozinhos e acomodar nas nossas margens uma subida de 200% no café robusta face há um ano”.
Consequências no mercado internacional
A situação no Vietnã repercute no mercado global porque muitos usam o café robusta em blends de café instantâneo e espresso.
Com a oferta reduzida, os preços do robusta aumentam, afetando o mercado do café, produtores e consumidores de todo mundo.
Segundo o relatório Endangered Aile, as regiões produtoras de café ao redor do mundo estão sofrendo com o clima. Há mudanças na temperatura e precipitação, o que prejudica diretamente a produtividade dos cafezais.
E ainda mais, afirmam que até 2050, mais da metade destas áreas de produção não serão mais adequadas.
Agora se o robusta, que é uma planta mais resistente, está sofrendo com as mudanças climáticas, imagine o arábica?
Este café, conhecido pela sua qualidade superior, é uma planta muito sensível a essas variações. As temperaturas ideais para o seu cultivo são de 18°C a 23°C.
Essas alterações do clima, não só afetam a produtividade, como também pioram as condições de higiene, aumentando o risco da transmissão de doenças por meio dos alimentos.
Este vídeo da DW exemplifica bem o tamanho da crise mundial do café
E no Brasil, como essas mudanças climáticas afetam a nossa produção?
As dificuldades dos produtores de cafés brasileiros se assemelham com o que vimos até aqui. Nos últimos anos, Minas Gerais, nosso maior estado produtor, teve suas colheitas afetadas por poucas chuvas e muito calor.
Segundo a CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a colheita de 2024 soma apenas entre 5% e 10% da produção esperada.
Devido à ameaça do clima e da proliferação de doenças e pragas nos cafezais, a Universidade Federal de Itajuba prevê que entre 35% a 75% das áreas brasileiras de cultivo de café se esgotarão ou estarão inviabilizadas até o fim do século.
A reação da cadeia produtiva do café diante dessa crise
Em resposta a essas mudanças, cientistas e produtores têm buscado novas soluções.
Uma das técnicas que tem crescido é a agrofloresta, onde o café é plantado com outras árvores mais altas que evitam que o cafeeiro seja queimado nos dias mais quentes.
A floresta cria sombra que melhora a qualidade dos grãos de café e diminui as pragas, além de diversificar a produção dos pequenos agricultores.
Por outro lado, temos cientistas trabalhando no desenvolvimento de novas espécies. Como por exemplo, a própria Starbucks que está investindo no desenvolvimento de 6 novas espécies mais resistentes, pensando assim, na sustentabilidade do seu negócio.
E nós amantes de café, o que podemos fazer?
Tudo isso parece estar fora do nosso controle, mas a verdade é que nós consumidores também podemos fazer algo para mudar essa situação.
A saber, podemos optar por marcas que adotam práticas mais sustentáveis e que apoiam essas iniciativas que buscam melhorias nas plantações de café.
O consumo de café especial já é um primeiro passo em direção a essas boas práticas, já que exigem uma produção e colheita mais artesanal. Ao mesmo tempo, contribui com o trabalho dos pequenos produtores.
Em alerta diante das mudanças
Esse tema apesar de triste para nós que amamos café, é um alerta em relação a fragilidade do setor cafeeiro diante das questões climáticas.
Devemos não apenas nos preparar para as consequências desta crise do café, como também fazer a nossa parte e adotar hábitos mais conscientes.
Nós do Consciência Café, entendemos que o futuro do nosso cafezinho depende de toda a cadeia produtiva, mas também da nossa reação frente a essas informações.
O café representa uma tradição cultural em muitas regiões, e milhares de produtores dependem dele. Juntos podemos proteger nossa bebida favorita para as próximas gerações!